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Publicada: 20/07/2020

Cotriel é destaque em reportagem do Valor Econômico

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Fonte: Valor Econômico

A união entre exportações recorde de soja pelo Brasil, quebra de safra no Rio Grande do Sul e demanda elevada por parte da indústria de aves e suínos está causando uma escassez de farelo de soja. E quem tem comemorado são os moinhos do Sul do país, que produzem farelo de trigo. Embora sejam produtos nutricionalmente diferentes, a substituição de um  farelo pelo outro tem sido a única alternativa de produtores de ração do Rio Grande do Sul e de parte do Paraná. Como consequência, o preço do farelo de trigo já subiu quase 40% desde o começo do ano.

“Temos sido procurados por empresas de ração de várias partes do Estado e também de São Paulo, mas não temos nada disponível porque nossa produção já está comprometida com os clientes fixos”, diz Paulo Matter,  diretor do moinho paranaense Cidade Bella, com sede em Ponta Grossa (PR). A empresa está usando toda sua capacidade ao produzir 14 mil toneladas de trigo e 4 mil toneladas de farelo ao mês.

“Além do crescimento do farelo, temos também uma demanda muito maior por trigo dos consumidores que estão em casa devido à pandemia”, afirma.

O estoque do Cidade Bella está em 36 mil toneladas de trigo, o que lhe permitirá trabalhar até o início de setembro, quando começa a colheita do cereal no Brasil.

Com a super demanda por farelo de trigo, o preço do subproduto vendido no Paraná passou de R$ 550 a tonelada, em média, no início do ano, para R$ 750 na semana passada.“A lucratividade só não está maior porque o preço do trigo também subiu muito neste ano”, afirma Matter. No ano passado, o Cidade Bella faturou R$ 226 milhões, 11,3% mais que em 2018. Para 2020, a expectativa é chegar a R$ 240 milhões.

Cesar Augusto Pierezan, da cooperativa gaúcha Cotriel, diz que no Rio Grande do Sul é possível encontrar o farelo de trigo até por mais de R$ 1 mil.  “A falta de farelo de soja tem feito produtores de leite e de aves e suínos comprarem o farelo de trigo diretamente de cooperativa”. Segundo ele, que é diretor da unidade de Espumoso da Cotriel, alguns produtores não usam ração balanceada e têm elevado o percentual de trigo na ração de seus animais em detrimento da soja e até de milho. “O milho já estava com o preço alto, e o farelo de soja praticamente não existe no Estado após a quebra da safra. Então essa é uma solução rápida.”

Entretanto, Pierezan, que também comanda a indústria de ração da cooperativa ao mesmo tempo que gerencia o moinho, diz que a soja é mais proteica, com 46% de proteína bruta e 80% de biodisponibilidade para os organismos dos animais, enquanto o farelo de trigo oferece 15% de proteína bruta e entre 30% e 33% de biodisponibilidade.

A Cotriel, que faturou em 2018 R$ 1,05 bilhão e  no ano passado R$ 957 milhões, também está trabalhando em plena capacidade devido à essa demanda. A fábrica de ração produz mensalmente 2 mil toneladas por mês e o moinho, 1,5 milhão de toneladas de trigo e 500 mil toneladas de farelo por mês.

Para o analista Luiz Pacheco, da T&F Consultoria, faltará farelo de soja até fim do ano com certeza no Rio Grande do Sul - e não só para indústria de animais, mas também devido à produção de biodiesel.“Mesmo com o preço recorde desse momento, não há nada disponível porque a soja do Estado está toda comprometida com exportação que já havia sido negociada anteriormente”. Assim, completa, a importação também será parte da solução.

De janeiro a junho deste ano, o Brasil importou 292 mil toneladas de soja, sendo 272,3 mil toneladas do Paraguai, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.  Esse volume é três vezes maior que o adquirido no mesmo período de 2019. Algumas consultorias, como a Safras & Mercado, calculam que o país poderá ter que adquirir até 1 milhão de toneladas em todo o ano.