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Publicada: 18/11/2022

“Integração lavoura-pecuária: mitos e verdades” foi tema de Webinar para as Cooperativas

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Fonte: Setor de Comunicação

Na manhã desta quinta-feira, 17, em uma promoção da CCGL e da Rede Técnica Cooperativa – RTC, aconteceu uma palestra on-line voltada à área técnica das Cooperativas. O Engenheiro Agrônomo, Doutor em Zootecnia e Pesquisador da CCGL, Dr. Pedro Albuquerque, falou sobre o tema “Integração lavoura-pecuária: mitos e verdades”.

Segundo o especialista, a ideia foi desmistificar algumas questões relacionadas à produção de grãos em áreas de rotação com pastagens e discutir resultados de pesquisa em sistemas integrados gerados nos últimos anos. Entre os itens trazidos para uma “checagem de fatos” estiveram: o efeito do pisoteio, do consumo da biomassa (palha), e da exportação de nutrientes de áreas agrícolas pelos animais. Outros pontos foram o bom manejo da pastagem, fundamental para o sucesso da integração, e as implicações do momento da remoção dos animais da área. 

Neste último ponto, Albuquerque chamou atenção para a importância do planejamento forrageiro e do plano de uso das áreas, que deve observar se é realmente preciso retirar os animais de forma muito antecipada. “A condução da pastagem seguindo metas de manejo bem estabelecidas ao longo da estação reduz a necessidade de interromper o pastejo com muita antecedência. Muitas vezes, o sobrepastejo obriga o produtor a retirar os animais de 1 a 2 meses antes da semeadura para acumular palha, às vezes 3 meses, quando ocorre algum atraso. Durante todo este período, a área fica improdutiva e há perda de eficiência. Além disso, os animais que poderiam estar ganhando peso, passam a sobrecarregar outra área da propriedade, normalmente campos nativos ou pastagens perenes. Portanto, essa transição deve ser bem pensada, olhando para o sistema como um todo, de forma escalonada”.

Sobre o pisoteio, disse que está relacionado à intensidade de pastejo. “É necessário equilibrar o crescimento das plantas com o consumo pelos animais, garantindo que o solo esteja sempre coberto para amortecer o impacto do pisoteio, além de garantir uma alta taxa de crescimento de raízes”. Segundo o pesquisador, a ideia de consumir todo o pasto que está ali compromete o crescimento das plantas e expõe o solo ao impacto direto do casco dos animais, gerando adensamento das camadas superficiais, com consequências para a entrada e retenção de umidade no solo, o que torna a semeadura da cultura seguinte mais complexa. Além disso, o solo descoberto favorece a erosão e o estabelecimento de plantas indesejáveis. 

O Dr. Pedro encerra salientando que “o animal é quem deixa nutrientes para a lavoura, não o contrário”, uma vez que eles são recicladores de nutrientes. “Um bovino de 450 kg exporta 11 kg de nitrogênio (N) em sua carcaça, enquanto 4 toneladas de soja exportam 320 kg deste nutriente. Para potássio (K), a relação é de 80 para 1. A exportação que ocorre pelos animais não prejudica a produção, pois além de ser uma quantidade muito pequena, a soja produz mais em locais onde há deposição de esterco, e um pouco menos onde o nutriente foi retirado. Ou seja, predomina uma redistribuição de nutrientes via dejetos, muito mais que uma exportação para fora da área. Isto torna a adubação sistêmica, isto é, aplicação de nutrientes na fase anterior à lavoura, extremamente eficiente”, finalizou.

Assista aqui a entrevista completa concedida ao jornalista Roger Nicolini

Fotos: Ascom e Marketing CCGL