Publicada: 09/09/2020
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
Fonte: Agrolink
Argemiro Luis Brum, Professor Doutor em Economia Internacional do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Unijuí, esclarece como este processo é feito.
Na CBOT podem participar diretamente apenas as empresas e pessoas que pagam um valor para terem assento na mesma. Assim, a grande maioria são corretoras especializadas. As mesmas operam para clientes, seja produtores, seja indústrias processadoras, seja especuladores e/ou outros interessados.
Assim, ele decide a quantidade de soja que deseja travar na Bolsa, a qual é transformada em contratos pelo volume que a Bolsa define (5.000 bushels = um contrato) e passa a operar. Assim, se a ideia é travar um preço para março do próximo ano, se ele considerar que o preço atual está positivo aos seus interesses ele vende a quantidade de contratos que definiu. Em março, quando ele irá vender sua soja colhida no mercado físico, ele compra estes contratos de volta (o limite de data é até o dia 15/03). Com isso, se o preço estava hoje, no momento em que ele vendeu, a US$ 9,50 e no físico a 120 reais, quando ele realmente for negociar a soja, em 13 de março (supomos), Chicago estaria em US$ 9,00 e o físico teria recuado para R$ 115,00. Ora, se ele vendeu a US$ 9,50 e está comprando os contratos a US$ 9,00, ele ganhou US$ 0,50/bushel (isso equivale a U$ 1,10 por 60 quilos). Ao câmbio do dia - supomos que seja R$ 5,00 em 13/03 este câmbio - ele irá ganhar R$ 5,50/saco. Assim, no mercado físico ele vende a R$ 115,00 (abaixo dos 120 que estava agora em setembro), porém, adiciona os R$ 5,50 que ganha na Bolsa e garante o preço final de R$ 120,50. Isso se chama proteção de preço, arbitragem ou travamento de preço. (não esquecer de descontar o custo do corretor)
O sistema é interessante, porém, existem exigências que nem todos os produtores estão dispostos ou podem cumprir, pois é necessário liquidez, já que no momento de realizar a primeira operação na Bolsa é preciso deixar uma margem de garantia. E durante todos os dias até sair da posição (em 13/03) o produtor estará sujeito aos ajustes diários e, para isso, precisa liquidez.
MARGEM DE GARANTIA: depósito feito em favor da Bolsa de Mercadorias. A Bolsa utiliza a margem de garantia em caso de inadimplência do cliente. É um percentual do valor total dos contratos negociados na Bolsa. Isso fica lá depositado como garantia e retorna ao produtor quando ele sai de sua posição, no caso em 13/03, com juros pré-estabelecidos na arrancada. É uma poupança forçada.